Resenhas, Artigos e Bibliografias Sobre o Ensino de Geografia

FONTES, R. M. P. do A. Da Geografia que se ensina à ciência da Geografia Moderna. Florianópolis: UFSC, 1989.

A autora faz um resgate da gênese da Geografia como ciência através do ensino escolar, no qual, apresenta as correntes do pensamento geográfico e sua evolução apontando as falhas decorrentes de um processo dicotomizado, ou seja, o surgimento de duas Geografias, uma dos Estados Maiores e a outra dos Professores.

O processo histórico inicia com a mudança de pensamento (as relações por bases divinas são substituídas pela exaltação do ser – homem – ele se liberta e individualiza-se) a criação do Estado-nação e fase inicial do capitalismo comercial (burguesia) que será chave para expansão da escolaridade, no qual, era restrita e de caráter altamente elitista, entretanto, a autora poderia acrescentar que o caráter iletrado ainda se mantém, porém de forma rotulada e em menor intensidade, contudo ainda muito elitista.

O positivismo instaurado na ciência cria uma fragmentação do saber e um distanciamento da Geografia perante as outras ciências é o período no qual se consagra a Geografia Tradicional e, dessa forma, a descrição dos lugares, ao invés do espaço geográfico, como objeto dessa ciência, tornando o ensino e seus saberes banais, desinteressantes e que perdurará até hoje, além da dicotomia Física/Humana.

A Geografia passa então enfatizar mais o aspecto natural deixando de lado o fator humano e dessa forma o espaço é estático, sem ação e relações e no qual a Geografia Escolar ainda parece reproduzir, pois os profissionais atuantes são formados em diferentes épocas e que ainda pode ser reproduzido, pois não sabemos da realidade das escolas pelo país, mesmo havendo a ruptura dessa corrente nos dias de hoje.

A conseqüência desse tipo de ensinamento é um fetiche do real, é uma Geografia sem sentido que não faz estimulo o pensar do aluno, pois a disciplina fica sem conteúdo, perdendo a visão de totalidade.

Segundo a autora a expansão escolar da Geografia na Prússia estimulou o surgimento dessa disciplina na academia com o intuito de formação de profissionais para atuar nas escolas, seguindo um processo contrário o que faz surgir instituições geográficas pelo “mundo” e difundindo a dicotomização já mencionada. O autor deixa implícita a corrente marxista que trabalha no texto como um todo, podendo explorar o processo de renovação da Geografia que implicou também transformações na Geografia Escolar e que permanece até hoje.

QUESTÕES:

1- Quais os problemas que as dualidades provocaram na Geografia e as conseqüências dessa permanência ainda hoje?

2- Qual a importância de instaurar na Geografia Escolar o processo de evolução do pensamento geográfico?

3- Os problemas exposto pela autora ainda repercutem na Geografia?